quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Capoeira é usada como esporte de reabilitação para deficientes físicos.

Hélio recebe auxílio na cadeira de rodas para poder participar (Foto: Wenner Tito)

''Atividade é praticada em centro de reabilitação, localizado em Teresina (PI). Professor garante: 'Não é moleza, capoeira igual a qualquer lugar do mundo.''

A capoeira é famosa por sua ginga, acompanhada de movimentos acrobáticos e coreografados de quem está participando da roda. Por isso mesmo pode parecer surpreendente saber que um grupo de crianças e jovens com dificuldades motoras praticam o esporte no Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), espaço voltado para a recuperação de pessoas com deficiência física ou motora em Teresina (PI). O professor Childerico Robson, responsável pela atividade, garante: - Não tem moleza não, aqui é capoeira como em qualquer lugar do mundo.
As aulas de capoeira são praticadas desde a inauguração do espaço, há cinco anos, todas as sextas-feiras. O esporte é utilizado como ferramenta de reabilitação para os deficientes, melhorando a coordenação motora, a força e o equilíbrio. Mas o principal efeito, como conta o instrutor Childerico Robson, é psicológico.

- A interação social melhora muito, junto com a autoestima, a gente consegue libertar o ser aqui. Geralmente eles chegam contidos, mas se soltam e aí o céu é o limite – conta.
Os treinos seguem o ritmo e a filosofia de qualquer roda de capoeira. Childerico lembra que geralmente os alunos começam receosos, com medo de cair ou não conseguir fazer os movimentos, algo que fica para trás com o passar do tempo.
- A capoeira exige muito do corpo. Nem todo mundo tem a mesma flexibilidade, então é preciso trabalhar dentro dos próprios limites, e isso é em qualquer roda de capoeira. Aqui eles aprendem a conviver com as próprias limitações e com as dos outros também – afirma.
Mas engana-se quem pensa que por respeitar os limites o instrutor está falando em pegar leve. Childerico fala durante todo o treino. E fala alto. Cobra, gesticula, manda repetir o movimento. Como ele mesmo diz, apesar de ser usada para reabilitação, a atividade que acontece ali não é nenhum tipo de terapia, é capoeira mesmo.
- Para mim o pior deficiente é quem não vê o que eles podem fazer e acha que eu tenho que ficar alisando, dando beijinho e pegando na mão. Aqui tem exigência, é capoeira como em qualquer lugar do mundo – diz.
Os resultados são vistos no dia a dia dos alunos. Hélio Jansen tem 26 anos e nasceu com uma deficiência congênita, que atrofiou seus movimentos e o deixou em uma cadeira de rodas. Nada que o impeça de ter uma vida normal, estudando direito, dirigindo o próprio carro e, claro, praticando capoeira. Para ele, algo mais eficaz do que a própria terapia, justamente por não parecer com uma.
- Eu ia fazer fisioterapia e não me sentia bem. Quando disseram que não precisava mais, me indicaram uma atividade desportiva e eu escolhi a capoeira. Estou aqui há alguns meses e já percebo alguns avanços, porque é algo prazeroso, você está praticando um esporte e não só fazendo um tratamento – diz o jovem.
Alguns alunos mais jovens também são encontrados no meio da roda. É o caso de Gustavo, de apenas 6 anos, que não esconde a ansiedade ao chegar ao Centro para começar mais uma aula. Gustavo nasceu com um problema que o levou para a mesa de cirurgia antes dos dois anos de idade. Sobreviveu, mas com os movimentos seriamente comprometidos, algo que vem sendo revertido no meio do "Paranauê".
- Hoje ele já tem 70% de todos os movimentos, graças à capoeira. Quando chega o dia ele fica logo perguntando que horas eu vou levar ele, fica animado, já corre. Quem conhecia ele antes vê hoje uma diferença enorme – conta Ramiro Bacelar, pai do garoto.
Assim como Gustavo e Hélio, são muitos outros os exemplos de crianças e jovens que encontram na capoeira do Ceir uma oportunidade de serem iguais. Não privilegiados, com treinos mais leve, mas tratados no mesmo nível, praticando um esporte que, teoricamente, teria tudo para não dar certo com eles. Mais que uma atividade física ou esporte, uma lição de superação.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/pi/noticia/2013/08/capoeira-e-usada-como-esporte-de-reabilitacao-para-deficientes-fisicos.html

Berimbau, a arma da feminilidade das mulheres Bantu.

Após uma terrível batalha, a deusa protetora transformou o arco do guerreiro no primeiro instrumento musical da tribo, para que a música e a paz substituíssem as armas e guerras para sempre.''



Existe um facto que goza de certa autoridade, sendo que, quando se pesquisa sobre o berimbau africano, seja ele de que nome, origem, ou tamanho for, é impossível ignorar que o gênero feminino desempenha um papel extremamente considerável em relação aos arcos musicais.
A popularidade do berimbau cresceu transversalmente da arte afro-brasileira mais conhecida por capoeira. A capoeira, até certo ponto, era de acesso restrito a um ambiente masculino. Significantemente, as portas foram abertas para o sexo oposto e já se conquistou bastante espaço por meios de dedicação e empenho.

Porém, as mulheres na esfera capoerística ainda se encontram vítimas de regras discriminatórias, consideradas pela comunidade como tradição. Regras essas que não as permite tocar o berimbau e, em certos momentos, não poder participar durante a roda.

A mulher africana, apesar de viver em constantes normas estritas e rigorosas entre elas, sendo as responsabilidades matriarcas, no último centenário foi a que mais fortificou a presença, e a popularização do berimbau africano na plateia continental e internacional.

Através do som melódico e hipnotizante do instrumento de uma corda só, orgulhosamente canta-se cantigas de centenas de anos atrás, transmitidas pelos seus antepassados.

Canções que contam estórias das glórias dos seus povos, sobre a felicidade, a tristeza, o amor, o ódio, a paixão, a traição, as desventuras de casamentos e cantigas infantis.

Não somente a mulher é tradicionalmente considerada a base da família, mas também compõecanta e constrói os próprios instrumentos que toca.

Cito duas personalidades da música tradicional Bantu-Nguni e herdeiras da tradição de tocadoras de arcos musicais, como a Princesa Zulu Constance Magogo e a Dona Madosini Mpahleni, que hoje em dia goza de noventa anos de idade.

Com esta chamada, conto com mais reconhecimento e consideração para com as mulheres, não somente na capoeira mas também no berimbau e outros instrumentos musicais.




Fonte: Portal Capoeira

segunda-feira, 14 de julho de 2014

CAPOEIRA ANGOLA E REGIONAL, SUAS ORIGENS.

CAPOEIRA ANGOLA

Os negros vindos para o Brasil eram em sua maioria de Angola, diziam ser mais ágeis, por terem estatura mediana e por isto tinham mais aproveitamento no trabalho e no jogo da Capoeira. O nome “CAPOEIRA” deu-se pelo motivo dos escravos ao fugirem para as matas, cujo nome é Capoeira. Os senhores mandavam os capitães-do-mato buscarem os escravos, que os atacavam com pés, mãos e cabeça, dando-lhes surras ou até mesmo matando-os, porém os que sobreviviam voltavam para os seus patrões indignados. Então os Senhores perguntavam: -”Cadê os negros?” e a resposta era: – Nos pegaram na Capoeira”, referindo-se ao local onde formam vencidos.
A Capoeira no meio das matas era praticada como luta mortal, já nas fazendas ela era praticada como brinquedo inofensivo, pois ela estava sendo feita por baixo dos olhos dos Senhores de Engenho e dos Capitães-do-mato; e naquele momento se transformou em dança, pois ela precisava sobreviver, uma luta de resistência. O nome Capoeira Angola surgiu quando o Senhor de Engenho flagrava os negros jogando, ele dizia: -” Os negros estão brincando de Angola”. Movimentos muito raros nas fazendas. Com as fugas em massa das fazendas, a Capoeira se afirmava como arma de defesa no meio das grandes matas, onde situavam-se os Quilombos.
Em 1888 a Lei Áurea aboliu a escravidão no Brasil e em 1890 baixou um decreto sobre a imigração que autorizava a entrada de africanos e asiáticos no País, somente mediante permissão do Congresso Nacional. A prática da Capoeira é incluída no Código Penal. Rui Barbosa decidiu queimar todos os documentos da escravidão no Brasil, mas a Capoeira resistiu apesar de ter sido usada por políticos para aterrorizar seus adversários. Ela sobreviveu e mais tarde transformou-se em cultura popular brasileira e com isto surgiram os grandes amantes da Capoeira Angola, como Besouro Mangangá, Valdemar da Paixão, Totonho de Maré, Cobrinha Verde, Canjiquinha, Caiçara, Atenilo, Nagé Traíra, Pedro Mineiro, Porreta, Sete Morte, Bento Certeiro e o famoso Vicente Ferreira PASTINHA, que escolheu a Capoeira como a sua maneira de viver, praticou e ensinou a Capoeira Angola por muitos anos e fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, em Salvador/BA.

CAPOEIRA REGIONAL

Afluente da Capoeira Angola, a Capoeira Regional é caracterizada pela agilidade de seus movimentos, bem como a variedade bem maior do que os da Capoeira Angola. Digo “afluente da Capoeira Angola” porque foi a partir dela que Manoel dos Reis Machado criou a Capoeira Regional. Inspirado nos movimentos da Angola mesclados com os do batuque, uma dança africana na qual o pai de Manoel dos Reis Machado, o senhor Luiz Cândido Machado era campeão, foi criada a “luta regional baiana”, um dos títulos que a capoeira regional teve.
O estilo regional de jogar capoeira é marcado pela rapidez de seus golpes e contra-golpes e pelo ritmo acelerado dos toques do berimbau, é importante lembrar que numa roda de capoeira regional somente um berimbau é tocado, acompanhado de apenas dois pandeiros, as palmas do povo da roda são batidas em três compassos.
Os movimentos da Regional são diferenciados e mais variados dos da Angola e alguns dos mais rápidos e perigosos são: armada, queixada, meia lua de compasso, meia lua solta, bênção, martelo, arrastão, meia lua de frente, ponteira, pisão rodado, joelhada, banda de costas, arpão de cabeça, etc.
As fases seguintes são, o Batizado que é o 1º jogo público do iniciante, onde ele recebe sua “corda” de iniciante, a formatura que é uma cerimônia para os alunos que já passaram da fase de iniciante e que já estão aptos a pegar graduação de instrutor, professor, etc.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A História do Berimbau

Pesquisando um pouco o nosso passado através da história, percebemos que nem sempre o berimbau esteve ligado à Capoeira e que nela foi incorporado, primeiramente, no estado da Bahia. Fomos buscar, nas Artes Plásticas, um reforço para essa afirmação: numa aquarela de 1826 do pintor e desenhista francês Debret, que viveu no Brasil entre 816 e 1831, aparece um tocador de berimbau, cego, pedindo esmola, bem distante do contexto da Capoeiragem. Na mesma época, em gravura, Rugendas retrata o jogo da Capoeira, acompanhado apenas por um pequeno tambor, sem a presença do berimbau.
    Hoje, esse instrumento musical é sinônimo de Capoeira e não se admite um jogo ou uma roda sem a sua presença.
    Segundo vários estudiosos que trataram do tema, o berimbau é originário da África, existindo em várias regiões daquele continente. Como outros instrumentos utilizados em manifestações afros, foi introduzido em nosso país pelos negros que para aqui vieram como escravos.
 ”“… ô pega esse Gunga / me venda ou me dê /esse Gunga é meu / eu não posso vendê.”.
     Na Capoeira Angola, velhos mestres como Valdemar da Liberdade, Pastinha, Canjiquinha, Caiçara, Paulo dos Anjos, Gigante, Cobrinha Verde e outros afirmam que a orquestra é composta por três berimbaus diferentes em tamanho: um pequeno  (Viola); um médio (Gunga); um grande (Berra-boi). Os três berimbaus são uma tentativa de se dar um caráter de orquestra à roda: o  Viola apenas dobra, com seu som agudo; o médio, Gunga, sola; o Berra-boi faz o grave.
    Já mestre Bimba, em sua Capoeira Regional, só permitia um berimbau, que podia ser o Gunga ou o Viola acompanhado por dois pandeiros. Uma particularidade dos berimbaus feitos pelo mestre Bimba é que não podiam ser pintados. Ele sempre dizia que “Berimbau pintado perde a voz”. Seus berimbaus eram, apenas, envernizados.
    Convém lembrar que o que caracteriza o Berimbau como grande médio ou pequeno é o tamanho da cabaça.
    Dois pandeiros são também obrigatórios na roda, além dos caxixis que acompanham os berimbaus.
    Outros instrumentos como o atabaque, agogô e reco-reco são facultativos e dependem da aprovação ou não do mestre.
    Os vários toques de berimbau, escolhidos para o jogo da Capoeira, variam de acordo com a preferência do mestre. Valdeloir Rêgo, em pesquisa de 1968, depois de entrevistar mestres como Bimba e Pastinha, entre outros, conseguiu esta lista de toques: Angola – São Bento Grande – São Bento Pequeno – Cavalaria – Iúna – Amazonas – Santa Maria – Benguela – Angolinha – Ave Maria – Samongo – Angola em Gêge – São Bento Grande Gêge – Muzenza – Iejexá – Assalva – Estandarte – Gêge – Cinco Salomão – Angola-Pequena – Benguela Sustenida.  .
     Na Capoeira Angola, apenas os toques Angola, São Bento Grande e São Bento Pequeno são realmente utilizados para o jogo e reconhecidos por todos. O ritmo desses toques é acelerado ou diminuído, fazendo com que o jogo fique rápido ou lento.
    Mestre Bimba tocava sempre o “São Bento Grande” para jogos mais rápidos, tanto de alunos formados como de calouros. É o toque que caracteriza a Regional. A Benguela servia para jogos lentos, floreados. O toque Iúna, de ritmo médio, era só para alunos formados e exigia-se que os jogadores aplicassem, pelos menos, um dos balões ensinados. Outros toques como Amazonas, Santa Maria e Idalina, raramente eram tocados. O Cavalaria anunciava a aparição de um estranho à roda. Porém, logo depois, o mestre voltava ao São Bento Grande, vício dos velhos tempos.
Para a confecção de um berimbau, são necessários os seguintes materiais:
(A) Madeira (Biriba, Araçá, Tapioca, entre outras, para o arco);
(b) Arame de aço (tirados de pneus, segundo os mestres, são os melhores);
(c) Cabaça (Lagenaria vulgaris);
(d) Barbante (para fixar a cabaça ao arco de madeira e também o arame de aço à madeira);
(E) Couro (sola) para ser colocado dentro da cabaça, a fim de que o barbante não corte a mesma e, também, para se colocar em uma das extremidades da madeira para que o arame de aço nela não penetre;
(f) Cola (para fixar o couro à Cabaça);
(g) Taxas (02) para fixar o couro à madeira;
(h) Uma vareta de madeira flexível para percutir o arame de aço;
(i)  Um dobrão (moeda) para fixar os sons, quando encostado-se ao arame de aço.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Benefícios da Capoeira

O diálogo corporal, a improvisação, a inteligência do corpo, a necessidade de agir, o equilíbrio, assim como as noções de espaço, tempo, ritmo, música e compreensão da filosofia de jogo, são princípios fundamentais ensinados dentro da capoeira.Para o corpo, é perfeito! Os movimentos da capoeira mexem com todos os músculos, desenvolvendo uma série de qualidades físicas. Se você entrar na roda, em pouco tempo vai sentir uma grande mudança : menos tensão, reflexos mais rápidos e ainda vai ganhar força.
Com um pouco de persistência, o seu fôlego vai ficar ótimo, porque a prática constante (pelo menos 3 vezes por semana) desenvolve o sistema cardio respiratório. E, o melhor, você trabalha os músculos abdominais, já que os músculos desta região são muito solicitados.
Abaixo mais detalhes:
Resistência : É preciso manter o pique durante toda a luta.
Agilidade : Os movimentos mudam de direção e sentindo a toda hora.
Flexibilidade : Na capoeira dominam os gestos amplos.
Velocidade : Para surpreender o adversário sempre que possível.
Equilíbrio : É preciso manter o domínio do corpo em algumas posições mais complicadas.
Coordenação : É preciso responder aos golpes com os braços, tronco e pernas ao mesmo tempo.
Ritmo : Os movimentos do corpo acompanham a música.

Mas não é só o corpo que leva vantagens. O lado emocional também ganha muito com a capoeira, principalmente porque ela ajuda a liberar a agressividade, ainda que o esporte não estimule a violência. Além disso, é um meio excepcional de desenvolver a criatividade e o autocontrole.

Você ganha também:
Atenção : É preciso estar ligado o tempo todo nos movimentos da roda.
Persistência : Os golpes só ficam perfeitos depois de muitas tentativas.
Coragem : Aos poucos, desaparece o medo de fazer certos movimentos.
Astúcia : Você cria situações inesperadas para o adversário.

Curiosidades:
Calorias gastas por hora – aproximadamente 500Exercícios que ajudam – musculação e alongamento, para melhorar a flexibilidade.Quem não pode praticar – pessoas com problemas de coluna só devem praticar com autorização e acompanhamento médico.De qualquer forma, se você nunca jogou capoeira antes, visite seu médico para ter certeza de que não há nada que possa lhe atrapalhar e corra logo para sua primeira aula; você certamente não se arrependerá e notará os benefícios mais cedo que imagina!

Capoeira então é isto...
- Melhora a capacidade cardiovascular e respiratória;
- Oferece um melhor condicionamento físico e mental;
- Alivia os problemas relacionados ao stress diminuindo tensão e fadiga;
- Seu corpo torna-se mais forte e flexível;
- Melhora a postura eliminando maus hábitos levando ao correto alinhamento corporal;
- Fortalece a musculatura abdominal suportando melhor a coluna;
- Melhora o estado geral de saúde;
- Otimiza o desempenho esportivo;
- Melhora sua auto-estima e segurança;
- Aumenta o metabolismo, força muscular e densidade óssea sem exageros;
- Diminui o percentual de gordura.

quarta-feira, 4 de junho de 2014


Capoterapia ajuda idosos a se movimentar melhor

Força e agilidade. Para se jogar capoeira, é preciso ter preparo. A impressão que se tem Mas um grupo de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, é a prova de que é possível praticar capoeira mesmo depois dos 60. 

Foi Mestre Gilvan de Andrade quem criou a chamada capoterapia, uma terapia corporal através dos movimentos da capoeira e que pode ser praticada por pessoas de todas as idades. A ideia foi adotada pelos centros de saúde do Distrito Federal e se espalhou pelo Brasil. 

Mais do que uma atividade física, uma aula de ginástica, a capoterapia é um lugar para convivência, amizade, carinho, alegria. Um lugar onde as pessoas aprendem a viver melhor. 

"Eu tinha problema de depressão, vivia sempre nervosa, chateada, angustiada. Hoje não", conta dona Eulália Serra, de 62 anos. 

"Eu sentia muitas dores e tomava comprimidos. Aqui não", acrescenta dona Maria Silvia de Sales, de 63 anos. 

"Eu não aguentava fazer nada, ficava só sentada ou deitada", lembra Cecilia Anacleta Perdigão, de 74 anos. 

"Eu não abaixava do jeito que eu abaixo hoje", comemora dona Maria Edinar Modesto, de 83 anos. 

O trabalho de Mestre Gilvan com os idosos despertou a curiosidade da Faculdade de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde. A pesquisa está só começando, mas eles querem avaliar quais são de fato os efeitos da capoterapia. 

"Vemos idosos que tomavam de R$ 600 a R$ 700 em remédios e hoje não tomam nada ou apenas alguns", conta Mestre Gilvan. 

"Os idosos vão perdendo massa muscular, e todo o sistema ósseo e muscular vai enfraquecendo. A atividade física promove bem-estar", diz a médica Maria do Carmo Sorci Dias.

A equipe do Globo Repórter foi conferir alguns resultados. Dona Noêmia esqueceu a artrose e aos 70 anos parece uma jovem. Dona Cecília, de 74 , sofreu um AVC e precisava de ajuda até para caminhar. Agora faz tudo sozinha. A maior surpresa foi dona Diná: com 83 anos, ela tem uma disposição de criança. Energia que, para ela, vem dos exercícios que começou a fazer há dez anos. 

"Ela era uma pessoa muito nervosa, já amanhecia o dia xingando, irritada com tudo. Depois que começou a praticar atividades físicas, ela mudou totalmente. Hoje ela é uma pessoa de bem com a vida. Ela é feliz demais", conta Aparecida Modesto, filha de dona Diná. 

"Juntando as cinco filhas, nós não temos a metade da disposição que ela tem", completa Ivone Modesto Souza, filha de dona Diná. 

Hoje dona Diná esqueceu as dores. É um sobe-e-desce de escadas, um vai-e-vem. Ela arruma a casa, molha as plantas, varre a calçada. 

"Nós que já temos idade temos que fazer exercício, caminhar, trabalhar, não parar", diz dona Diná. 

E o que ela ainda mais gosta de fazer é cozinhar. Na hora de fazer o bolo, se abaixa com facilidade. Bota os ingredientes – leite, ovo, farinha, polvilho – e se abaixa de novo. 

"O segredo é não ficar à toa", aconselha dona Diná. 

E dona Diná não fica mesmo. Logo cedo, ela veste a roupa da ginástica e vai para a capoterapia. 

"Eu renovei, porque estava uma velha rabugenta", conta dona Cecília. 

"Só vou largar quando morrer. Peço a Nossa Senhora Aparecida para viver muitos anos ainda", revela dona Maria.